Prog

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segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Discografia Recomendada: Brasil - Anos 70

1. O Terço - Criaturas da Noite (1975)

Maior clássico da discografia progressiva nacional, ''Criaturas da Noite'' faz parte do rol de obras lendárias. Equivale para o rock progressivo do Brasil à mais nobre mazurca européia. As notas iniciais do baixo introdutório de ''Hey Amigo'' despertam a todos que tiveram sua história musical perpassada pela musicalidade do O Terço. O jovem tecladista de então, Flávio Venturini, esbanja talento criando o maior símbolo do progressivo brasileiro nos anos 70, a extasiante suíte ''1974''. Destaques também para o folk rock de ''Queimada'', a introspectiva ''Ponto Final'' e a suavidade da música título ''Criaturas da Noite. ''Nesse rock estamos perto de ser a unidade final''!

2. Terreno Baldio - Terreno Baldio (1975)

"Terreno Baldio" está entre os trabalhos mais intensos e genuínos do progressivo brasileiro dos anos 70. O trio principal composto por Mozart Mello (guitarras), Roberto Lazzarini (teclados) e Fusa (vocais) comanda com habilidade, precisão e muita fantasia grandes momentos contidos nessa obra. Importante ressaltar a nítida influência do Gentle Giant, além do contexto histórico em que fora produzido, já que em plena ditadura militar criar músicas como "Este É O Lugar" e principalmente "Grite" demonstra ousadia e ideologia à flor da pele. A posição de destaque nessa enquete é plenamente autêntica e merecida!

3. Os Mutantes - Tudo Foi Feito Pelo Sol (1974)

Ao saltar as amarras da MPB e principalmente do movimento da Tropicália, Os Mutantes com formação distinta da original enveredou pela seara do rock progressivo com grande maestria. Trata-se da banda mais antiga e mais popular de toda essa discografia recomendada Brasil anos 70 e com "Tudo Foi Feito Pelo Sol" escreveu uma das páginas mais importantes de toda a discografia progressiva brasileira, com trabalhos de guitarras - Sérgio Dias e teclados - Túlio Mourão memoráveis e inesquecíveis. Diga-se de passagem, Túlio Mourão foi responsável pela composição da destacada "Pitágoras", obra-prima do álbum. Lamentável que nos dias atuais, com o retorno do grupo em 2007, este trabalho não foi trazido à tona como de fato merecia, provando que o rigor sonoro e virtuoso do rock progressivo a cada dia que passa se torna extremamente proscrito, em detrimento de um ambiente musical de fácil assimilação.

4. Casa Das Maquinas - Lar de Maravilhas (1975)

Formado a partir de uma dissidência do grupo Os Incríveis, o Casa das Máquinas começou fazendo uma mistura de pop, rock e gospel no seu primeiro disco, e ficou famoso pela mistura entre hard e glam no seu derradeiro álbum, Casa de Rock. Mas neste aqui, o segundo de sua carreira, o que houve foi um mergulho de cabeça no progressivo sinfônico, obtendo um resultado fantástico. Lar de Maravilhas, o disco, é dominado por peças longas, com variações de andamento, lindos solos do tecladista Marinho Testoni e do guitarrista Pisca, e harmonias vocais lideradas pelo baixista Carlos Geraldo e pelo guitarrista Aroldo. A beleza da parte lenta da faixa título, as melodias emocionantes de Astralização (com lindo solo de guitarra) e Raios de Lua (belo e sensível solo de moog ao fundo), a viagem psico-prog de Cilindro Cônico, os lindíssimos e longos temas de teclados em Vale Verde, assim como a apoteótica parte instrumental de Reflexo Ativo (que fecha o álbum) fazem deste um item inesquecível não só para quem viveu o prog brasileiro nos anos 70, como também para quem aprendeu a admirá-lo depois. Ainda merece destaque a parte roqueira do disco, com o hit Vou Morar no Ar, e o apelo hard em Epidemia de Rock e Liberdade Espacial.

5. Som Nosso de Cada Dia - Snegs (1975)

Obra mítica e extremamente consistente, já que todas as músicas são de alto nível, "Snegs" é considerado por muitos como o primeiro disco genuinamente progressivo do Brasil, ou seja, trabalho sem afetações e voltado de fato para o que se estava produzindo em termos de rock progressivo na Inglaterra nos anos 70. A formação disposta em power trio (baixo, bateria e teclados) e a sonoridade neste álbum remetem de imediato ao genial ELP, porém há generosas reminiscências floydianas com seus toques psicodélicos e inventivos, principalmente a cargo do tecladista Manito, que logo depois da gravação desse disco deixaria o grupo, fazendo apenas incursões especiais e aleatórias. Podemos afirmar que a primazia observada nessa obra jamais fora reencontrada pelo grupo nos trabalhos posteriores. Por isso mesmo, os paulistas do Som Nosso de Cada Dia, deixaram um legado único e super genial através do "Snegs".

6. Som Imaginario - A Matança do Porco (1973)

Wagner Tiso merecia uma estátua em praça pública pelos bons serviços prestados à música, típico instrumentista e arranjador de linhagem nobre, que quando acompanhado por não menos excelentes músicos, é capaz de produzir obras magistrais. Assim é "Matança do Porco", um dos trabalhos mais consagrados da discografia nacional setentista, possui de tudo um pouco: virtuosismo instrumental, arranjos elaborados e muita inventividade. Para quem aprecia um instrumental nervoso, vigoroso e também sinfônico, trata-se da pedida certa. Vários músicos que fizeram parte da banda conseguiram destaque na musicografia nacional como: Zé Rodrix, Tavito e Robertinho Silva. Muito do que ouvimos no clássico "Milagre dos Peixes" do mestre Milton Nascimento se deve a essa turma que vale muitos guinéus, além de influenciar muitos artistas, dentre eles o fantástico e saudoso Marco Antônio Araújo.

7. Moto Perpetuo - Moto Perpétuo (1974)

Grupo fundado por Guilherme Arantes, o qual foi responsável por sua futura carreira solo, cito aqui o quase desconhecido Moto Perpétuo,foi um dos ícones setentistas de destaque do rock progressivo nacional. Aliás um dos melhores entre as poucas produções desta época.Apesar de pouco conhecido do público geral, a banda deixou registrado um belíssimo album que lembra de primeira mão, o YES. Toda a linha harmonica de composição se baseia muito na banda inglesa, que também foi um referencial (se bem que na minha opinião , em pouca coisa) dos Mutantes em seu disco Tudo foi feito pelo Sol. Capa muito bela,Arantes faz os vocais e a tecladeira analógica com orgão, moog, piano, etc...acompanhado de cellos, baixo, guitarra e batera. O disco é de 1974 (LP) gravado em São Paulo e possui 11 belas faixas.Confiram.

8. Recordando o Vale das Maçãs - As Crianças da Nova Floresta (1977)

O ideal da vida no campo, a aproximação plena com a natureza e uma musicalidade sublime! Assim temos um diminuto perfil para o grupo Recordando o Vale das Maçãs. O folk que permeia todo o disco "As Crianças da Nova Floresta" não possui paralelos na discografia nacional, sendo pautado pela inclusão de generosas doses de sintetizadores, destaques também paras as flautas e violinos, numa das maiores formações do progressivo brasileiro com tamanha profusão de instrumentos. A suíte, de aproximadamente vinte minutos, que dá nome ao álbum beira a perfeição, composta integralmente pelo baterista Milton atinge as esferas mais elevadas do progressivo brasileiro - "É só você se conscientizar que a vida vem da luz da natureza". Uma pena que o mestre Nei Matogrosso ainda não tenha descoberto esse álbum para cantar suas músicas...

9. A Bolha - Um Passo A Frente (1973)

A Bolha é provavelmente o grupo mais obscuro dentre os relacionados (mas não menos talentoso), até mesmo pela curiosa trajetória que se iniciou seguindo os passos do rock básico dos Beatles, Stones e Jovem Guarda nos idos de 1965. Conseguiu certa projeção a ponto de tocar com vários artistas de renome no Brasil, até ingressar de cabeça no mundo progressivo em 1973 com o magnífico LP "Um Passo A Frente", participando inclusive do onírico festival Banana Progressiva. Atenção máxima para "Esfera", música impecável com várias mudanças de andamento, iniciando de forma acústica com flauta e violão, mas se desenvolvendo com uma força que remete ao que há de melhor no prog sinfônico mundial, após uma virada com o solo de sax mais louco do progressivo brasileiro nos anos setenta. O curioso é que após essa guinada para o mundo progressivo o grupo tenha caído num certo ostracismo, tentando retornar ao sucesso em 1977 com um trabalho bem menos intricado intitulado "É Proibido Proibir", se desligando quase que inteiramente do universo progressivo e retornando às origens executando um rock mais convencional.

10. O Terço - Casa Encantada (1976)

"Casa Encantada" traz a mesma formação do "Criaturas Da Noite", além disso traz o mesmo feeling, a mesma criatividade e acima de tudo grande brilhantismo, logo se trata de outro desfile de clássicos marcantes para os admiradores do grupo. Venturini toca como nunca em autênticas pérolas como "Cabala" e "Solaris", onde é fácil afirmar que o conjunto dessa obra o torna item obrigatório na discografia progressiva do país.


Fonte: http://progbrasil.com.br

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